Artigos › 01/04/2021

Diocese de Osório incentiva que coleta da sexta-feira santa seja dedicada aos Lugares Santos 62183

Com as dificuldades enfrentadas desde o ano ado, os Lugares Santos que antes viviam do turismo religioso e das contribuições dos fiéis, sofreram e sentiram diversos impactos econômicos causados pelo isolamento devido à covid-19. 1n1p1u

Nesta sexta feira-santa, 2 de abril, assim como nos anos anteriores, o papa Francisco nos convida a dedicar as contribuições da coleta para a Terra Santa, que ficou sem a peregrinação dos fiéis durante o momento de isolamento que o mundo vive. Este é um gesto de contribuição que a igreja do mundo é chamada a participar.

Conforme a carta de Apelo para a Coleta em favor dos Lugares Santos:

 

“Sexta-Feira Santa 2021

 

Prot. N. 1/2021

 

Excelência Reverendíssima                                                                                   

 

Cada Semana Santa, tornamo-nos idealmente peregrinos de Jerusalém e contemplamos o mistério de Nosso Senhor Jesus Cristo Morto e Ressuscitado. O Apóstolo Paulo, que fez uma experiência viva e pessoal deste mistério na Carta aos Gálatas chega a dizer. «O Filho de Deus me amou e se entregou por mim» (Gal 2,20). O quanto vivenciou o Apóstolo é também fundamento de um novo modelo de fraternidade que deriva da obra de reconciliação e de pacificação operada pelo Crucificado entre as gentes, como São Paulo escreve na carta aos Efésios.

No curso de 2020, o Papa Francisco quis recordar-nos as consequências deste dom de reconciliação e fê-lo através da encíclica “Todos Irmãos”. Com este texto, o Papa, a partir do testemunho profético proposto por São Francisco de Assis, nos quer ajudar a ler à luz do princípio de fraternidade todas as nossas relações e os âmbitos da nossa vida: religiosos, económicos, ecológicos, políticos, de comunicação. O fundamento do nosso ser todos irmãos e irmãs, é precisamente no Calvário, o lugar no qual, através da máxima doação de amor, o Senhor Jesus interrompeu a espiral de inimizade, destruiu o circulo vicioso do ódio e abriu para cada homem e cada mulher o caminho da reconciliação com o Pai, entre cada pessoa, com a própria realidade da criação.

As estradas desertas em torno do Santo Sepulcro e da Jerusalém Velha tiveram eco na Praça de São Pedro deserta e banhada pela chuva, atravessada pelo Santo Padre Francisco a 27 de Março de 2020, a caminho do Crucifixo: diante disto o mundo inteiro meteu-se como que de joelhos, suplicando o fim da pandemia e fazendo sentir todos como irmanados pelo mesmo mistério de dor.

Foi portanto um ano de prova e assim também para a Cidade Santa de Jerusalém, pela Terra Santa e para a pequena comunidade cristã que habita no Médio Oriente que quer ser luz, sal e fermento do Evangelho. Em 2020 os cristãos daquelas terras sofreram um isolamento que os fez sentir ainda mais distantes, separados do o vital com os irmãos provenientes de vários Países do mundo. Sofreram a perda do trabalho, devida á ausência de peregrinos, e a consequente dificuldade de viver dignamente e prover ás próprias famílias e aos próprios filhos. Em muitos Países o persistir da guerra e das sanções agravaram os efeitos da pandemia. Além disso diminuiu a ajuda económica que a colecta pro Terra Sancta, garantia cada ano, por causa das dificuldades de a fazer em muitos Países em 2020.

O Papa Francisco ofereceu a todos os cristãos a figura do Bom Samaritano como modelo de caridade activa, de amor empreendedor e solidário. Nos estimulou também a reflectir sobre diversos comportamentos das personagens da parábola para superar a indiferença de quem vê o irmão ou a irmã em dificuldade e a adiante: «Com quem te identificas? Esta pergunta é dura, directa e decisiva. A qual deles te assemelhas? Devemos reconhecer a tentação que nos circunda de nos desinteressarmos pelos outros, especialmente pelos mais débeis. Digamo-lo, crescemos em tantos aspectos, mas somos analfabetos no acompanhar, cuidar e apoiar os mais frágeis e débeis das nossas sociedades desenvolvidas. Habituámo-nos a voltar o olhar, a ar ao lado, a ignorar as situações enquanto não nos tocam a nós directamente» (Todos Irmãos, 64).

A colecta pro Terra Sancta 2021 seja para todos a ocasião para não voltar o olhar, para não ar adiante, para não ignorar as situações de necessidade e de dificuldade dos nossos irmãos e das nossas irmãs, que vivem nos Lugares Santos. Se diminuir este pequeno gesto de solidariedade e de partilha (São Paulo e São Francisco o chamariam de “restituição”) será ainda mais difícil para tantos cristãos daquelas terras de resistir á tentação de deixar o próprio país, será difícil manter as paróquias na sua missão pastoral, e continuar a obra educativa através das escolas cristãs e o empenho social a favor dos pobres e dos que sofrem. Os sofrimentos de tantos deslocados e refugiados que tiveram que deixar as suas casas por causa da guerra necessitam de uma mão estendida e amiga para deitar sobre as suas feridas o bálsamo da consolação. Não se pode enfim, renunciar do cuidar os Lugares Santos que são o testemunho concreto do mistério da Incarnação do Filho de Deus e da oferta da sua vida feita por nosso amor e para a nossa salvação.

Em tal difícil cenário, marcado pela ausência de peregrinos, sinto o dever de fazer minhas ainda uma vez mais as palavras que o Apóstolo das gentes dirigia aos Coríntios há dois mil anos, convidando-os á solidariedade que não se baseia em motivações filantrópicas, mas cristológicas: «Conheceis de facto a graça do Senhor Nosso Jesus Cristo: sendo rico se fez pobre por vós afim de vos enriquecer por meio da sua pobreza» (2, Cor.8,9). E depois de ter recordado o princípio da igualdade, da solidariedade e da troca de bens materiais e espirituais, o Apóstolo acrescenta palavras eloquentes hoje como então, e que não necessitam de qualquer comentário: «Tende presente isto: quem semeia pouco, recolherá pouco e quem semeia com abundância, recolherá com abundância. Cada qual dê segundo o impulso do seu coração, sem tristeza nem constrangimento, pois Deus ama quem dá com alegria. De resto, Deus tem o poder de cumular-vos com toda a espécie de benefícios, para que tendo sempre e em todas as coisas o necessário, possais cumprir generosamente toda a espécie de boas obras» (2. Cor. 9,6-8).

A Vós, aos Sacerdotes, aos Religiosos, ás Religiosas, e aos Fiéis, que se empenham para o bom êxito da Colecta, em fidelidade a uma obra que a Igreja pede a todos os seus filhos que se cumpra segundo as modalidades conhecidas, tenho a alegria de transmitir o vivo reconhecimento do Santo Padre Francisco. E invocando abundantes graças divinas sobre esta Diocese, lhe mando uma fraterna saudação no Senhor Jesus.

                                                                      X Leonardo Card. Sandri                        

                                                                                    Prefeito

 

                                                                   X Giorgio Demetrio Gallaro                     

                                                                         Arcebispo Secretario”