A Voz do Bispo › 26/10/2018

Quem ama cuida 4r14t

Nunca vivemos um momento tão delicado e crítico como o destas eleições. Precisamos reconhecer que, se olharmos esse pleito sem animosidade e fanatismo político, fica difícil, mesmo para as pessoas mais esclarecidas, votar com serenidade e convicção que está escolhendo a pessoa certa, especialmente para presidente. 6m1s30

Até mesmo o princípio do menor mal ou do maior bem não é critério suficiente para nosso discernimento. Nossa esperança está no fato que, quem quer que seja eleito, tenha a humildade de se fazer ajudar por pessoas competentes e honestas, que amem o povo e a pátria. Que os outros poderes constituídos sejam sábios e coerentes.

A desconfiança causa insegurança e prejudica a paz e o desenvolvimento do país. Apesar do ‘cuidado’ ser dever de todos, o peso se torna maior nos ombros dos governantes, porque são eleitos para tanto. A fé e a confiança em Deus ajudam-nos, mas a responsabilidade na construção do bem comum está, sobretudo, nas mãos de quem nos governa.

O grito do projeta Jeremias: “Salva, Senhor, teu povo, o resto de Israel!” nos ajuda a perceber que Deus não abandona o seu povo e lhe dá segurança para não perder o rumo. Vários líderes foram responsáveis na caminhada de Israel e agiram com determinação. Moisés exerceu uma missão política na condução do povo. O seu modo de agir e istrar esteve sempre em sintonia com Deus em quem buscava orientação para exercer uma gestão fiel e em benefício de todos.

O cuidado que se deve ter com o Brasil precisa estar apoiado na justiça e na verdade. O poder não é fazer valer a força sobre os mais fracos, nem os eliminar porque são vistos como incômodo e peso para a sociedade, mas ajudá-los na superação de seus limites. Essa é a tarefa de todos os que têm algum compromisso público.

O poder dos políticos, na maioria das vezes, não a de preocupação econômica que beneficie seus próprios interesses ou grupos. Enquanto não houver uma partilha mais equitativa dos bens entre os cidadãos e busca sincera do bem comum não sairemos do atoleiro em que mergulhamos.

Enquanto a política não for vista como missão das mais nobres e jeito privilegiado de viver a caridade, as dificuldades persistirão por muito tempo.

É preciso cuidar do Brasil, cuidar das pessoas, dos mais pobres e fragilizados, dos que foram e continuam esquecidos pelo sistema econômico, cuidar das estradas, das escolas, dos hospitais; cuidar do patrimônio histórico e do patrimônio humano que é a nossa população multicultural.

Pode parecer utópico demais, mais precisamos de governantes que amem, porque quem não ama não cuida.

 

Para refletir:

1. Como estou vivendo esse momento histórico e crítico do nossa país?

2. Em quem estou colocando minha esperança?

3. A fé e demais princípios cristãos podem projetar alguma luz neste contexto confuso e perplexo?

 

Textos bíblicos: Jr 31, 7-9; Mc 10, 46-52; Sl 125(126)